quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nota de apoio

Nós, participantes do Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres, vimos, por meio desta, manifestar apoio a Excelentíssima Senhora Ministra de Estado-Chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, pelas iniciativas tomadas nas últimas semanas, a saber: representação ao Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (CONAR) solicitando a sustação da peça publicitária da empresa Hope Lingerie, carta de apoio da Subsecretaria Nacional de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres ao Sindicato dos Metroviários de São Paulo com relação ao quadro “Metrô Zorra Total” e sugestão à Rede Globo de Televisão para inserção de informações sobre a Lei Maria da Penha (11.340/06) no caso de violência doméstica presente na novela “Fina Estampa”.
Compreendemos que o entendimento sobre os três casos é correto, bem como as ações tomadas que não ferem de forma alguma a liberdade de expressão ou criação. Em um momento histórico onde se discute uma relação mais igualitária entre homens e mulheres, onde se elimine a dicotomia masculino/dominante/superior x mulher/subordinado/inferior, onde se repensa a divisão sexual do trabalho que coloca a mulher com uma sobrecarga de atribuições dentro e fora do lar. Em um momento onde as estatísticas comprovam o crescimento acadêmico (já são maioria nos mais altos níveis de escolaridade) e em outros campos; onde se tem como representante maior do poder executivo uma PRESIDENTA; é inadmissível que com avanços consideráveis que custaram o esforço e, no extremo de alguns casos, a vida de tantas companheiras, ainda tenhamos uma marca que deseja se promover com base na visão da mulher como um ser dependente e que precisa de estratégias, inclusive sexuais, para conseguir conquistar algo de seu marido.
Este Fórum é contrário a banalização da violência e do abuso sexual contra qualquer ser humano, e principalmente contra as mulheres, parcela da população historicamente discriminada em nosso contexto social e cultural. Portanto, ressaltamos a importância de se questionar quadros de humor que inferiorizam qualquer ser humano, que legitimam qualquer tipo de violência ou abuso, que naturalizam atitudes que precisam ser vistas como criminosas e que prestam um desserviço a causa assumida por todos nós: a defesa de uma sociedade mais justa e igualitária sob todos os aspectos.
A história recente de nosso país nos apresentou a face mais dura do cerceamento da liberdade de expressão, e de forma alguma abriremos mão dessa liberdade! Entretanto, a liberdade conquistada precisa ser exercida com total responsabilidade e respeito aos direitos humanos! Historicamente, a Rede Globo de Televisão, em todos os ramos de atuação, tem trabalhado em benefício da classe dominante, defendendo sob a pecha da isenção jornalística/editorial, uma visão de mundo, uma forma de compreender a política, um tipo de relação familiar, enfim, tem demonstrado de maneira transparente ou velada a quem serve enquanto veículo de comunicação. Apesar de tudo isto, entendemos, em consonância mais uma vez com a SEPM, que a “novela das 8” pode cumprir um papel educativo importante à sociedade brasileira, já que tem nível altíssimo de audiência. Por isso, fazemos coro com a bela iniciativa da Excelentíssima Senhora Ministra em sugerir que aspectos da Lei Maria da Penha (11.340/06) sejam abordados na trama de “Fina Estampa”.
Os direitos das mulheres são conquistas históricas e precisam ser defendidos por todos/todas nós! Não são entendidos como benefício somente das mulheres, mas sim de toda a sociedade. O Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres engrossa as fileiras em defesa desses direitos, parabeniza e apóia a iniciativa da SEPM, representada pela capixaba Iriny Lopes, mas muito mais do que isso saúda a todas as mulheres que não se conformam e fazem do seu cotidiano uma luta incansável por direitos e oportunidades em um contexto ainda marcado pelo machismo.
 
Coordenação do Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
 
Abaixo alguns links sobre as ações tratadas nesta nota:
 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Trabalhando a igualdade de gênero no ambiente escolar




O artigo “A problematização dos saberes de gênero no ambiente escolar: uma proposta de intervenção à formação docente”, escrito por Fabiane Freire França - Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Maringá e Professora da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão e Geiva Carolina Calsa - Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas e Professora adjunta da Universidade Estadual de Maringá faz referência às representações sociais de gênero no âmbito escolar.
O artigo trata-se de uma pesquisa-ação participativa que foi realizada com 12 (doze) professores e professoras que atuam em turmas de 5ª e 6ª séries de uma escola pública da cidade de Sarandi/PR. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas. Destaca-se que os/as entrevistados são intrinsecamente influenciados pelas suas histórias de vida. Essas vivências, construídas em um contexto social, histórico e cultural trazem para a sua realidade uma concepção de gênero.
Desta forma como os padrões socialmente construídos determinam o ser menino e ser menina, sendo estas regras repassadas de geração por geração, naturalizando a mulher como ser subordinado, faz com que os/as professores, “involuntariamente”, com objetivo de atender os objetivos da escola e dos pais, reforcem estereótipos de gênero e não conseguem perceber que a problemática de gênero é fundamental para compreensão das relações que envolvem meninos e meninas na sociedade.
O resultado desta e de outras pesquisas recentes apontam que a questão de gênero é um tema pouco abordado no ambiente escolar, principalmente com as crianças e adolescentes e que a própria formação profissional não contribui para nortear uma melhor compreensão das questões relacionadas ao gênero, visto que 84% dos professores responderam na primeira fase da pesquisa que gênero restringe-se à diferença biológica dos sexos opostos.
Assim, propõe-se um trabalho com docentes no ambiente escolar.
Objetivo Geral da Ação
Repensar o conceito de gênero em um contexto sócio histórico que produz relações desiguais de poder;
Provocar reflexões critica entre as/os profissionais da educação, com relação à construção dicotômica de gênero em nossa sociedade na rígida definição dos papeis masculinos e femininos possíveis de gerar discriminações e preconceitos;
Ampliar o universo informacional dos docentes da rede de ensino municipal.
Descrição da Ação
Promover oficinas de sensibilização, dinâmicas em grupo e intervenções pedagógicas de forma a proporcionar vivências e momentos de discussão e reflexão sobre gênero no ambiente escolar e suas implicações na sociedade.
Cronograma
Para planejamento: 03 meses.
Para execução: 12 meses.
População Beneficiada
Professores e alunos da rede municipal de ensino de Santa Leopoldina.
Referência
FRANÇA, Fabiane Freire; CALSA, Geiva Carolina. A problematização dos saberes de gênero no ambiente escolar: uma proposta de intervenção à formação docente. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/2874> acesso em 03 de outubro de 2011.