quinta-feira, 31 de maio de 2012

Módulo 5 – A transversalidade de gênero e raça na gestão pública


Este módulo apresenta o processo de transformação das políticas públicas no Estado a partir da perspectiva da transversalidade, da intersetorialidade e da interseccionalidade, sobretudo no que concerne à influência dos movimentos sociais, como vimos nos módulos anteriores.

O marco histórico, conceitual e institucional das políticas públicas de gênero e raça aqui apontados visa demonstrar como ocorreu na contemporaneidade a formulação e o desenvolvimento da noção e das práticas em torno da cidadania e, em especial, indicar a atuação dos movimentos sociais nesse âmbito.

Detém sobre os desafios na elaboração de políticas públicas com recorte de gênero e raça, uma vez que esta perspectiva acarreta, necessariamente, a promoção social da igualdade e o combate às estruturas que reproduzem as relações de poder entre homens e mulheres e a discriminação de raça e etnia.

M5U1: Marcos históricos, conceituais e institucionais das políticas públicas de gênero e raça.

A unidade apresenta as grandes transformações ocorridas nas últimas décadas. O nascimento do processo de globalização que representou novos desafios para os Estados, contribuindo para que os movimentos sociais ultrapassassem as fronteiras locais e nacionais de modo a juntar-se a objetivos comuns, marcando assim o caráter transnacional da articulação dos movimentos, sua maior visibilidade e centralidade na agenda política da maioria dos países, dando inicio a realização de conferencias para discussão dos direitos humanos de gênero e de combate ao racismo. 

Apresenta ainda o posicionamento adotado nas I e II Conferências Nacionais de Política para as Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial, realizadas, respectivamente, em 2004, 2007 e 2005, 2009, como passo importante para a transversalidade de gênero e raça nas políticas públicas que asseguraram espaço de participação mais expressiva de mulheres e negros/as na luta política para a implementação da estratégia da transversalidade de gênero e raça na governabilidade, a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), que veio atender a demanda de gênero. Inspirada no princípio de igualdade de condições entre homens e mulheres, e inaugurando uma nova fase, surge a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) responsável pela formulação, coordenação e articulação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial e proteção dos direitos dos grupos raciais e étnicos discriminados, com ênfase na população negra.

Principais Conceitos abordados:
Redemocratização e reforma do estado no Brasil: três momentos decisivos na transformação do Estado são apontados, o primeiro corresponde ao período Getúlio Vargas que passou o Estado para atuar como regulador ou empreendedor de certas atividades econômicas, ou seja, o planejamento passou a conferir ao Estado o papel central. O Segundo momento corresponde ao período militar que passou a atuar em bases empresariais, que privilegiou a descentralização e a autonomia de autarquias, fundações e empresas estatais como modo de conferir agilidade ao Estado. E o terceiro tem como marco a constituição de 1988 que fortalece os princípios da legalidade e da publicidade, a partir do controle externo e da descentralização, o Estado só deveria executar diretamente as tarefas de sua competência exclusiva, as que envolvessem o emprego do poder de Estado ou a aplicação de seus recursos.

Consulta pública – Entendemos como consultas públicas,  reuniões que conta com a  participação da sociedade civil para elaboração de documento com reivindicação de um determinado setor ou seguimento como por exemplo; Audiências públicas, Fóruns, Assembleia Geral  dentre outros.

Interseccionalidade: é uma categoria com um conteúdo político bem definido, abraça a complexidade da situação de indivíduos e grupos, considerando a coexistência de eixos, gerando situações de desigualdades e discriminação mais intensas para determinados grupos sociais. 

Intersetorialidade: incorre em mudanças na organização, a partir de inter-relações que extrapolam um setor específico, exige diálogo, acordos, compartimento de ações, de pontos de vista e entendimentos.

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público: é constituída por pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que através de termo de parceria  desempenha serviços sociais, com participação financeira  e fiscalização do Poder Público.

ONG - Organização Não governamental: entidades de direito privado sem fins lucrativos, constituída pela vontade formal de cidadãs e cidadãos, que se reúnem com a finalidade de promover objetivos comuns de forma não lucrativa. 

Políticas públicas - pode ser entendida como instrumentos que direcionam a ação e a execução de planos e programas que direcionarão a ação do poder público a favor da população que será beneficiada, uma política pública criada vai além do mandato de quem a formulou. É importante a participação da sociedade civil representada por Conselhos e Fóruns na elaboração das políticas públicas tendo em vista que quanto maior a participação e expressão da população, melhores serão os resultados para criação dessas políticas.

Políticas Públicas com recorte de gênero e raça – São políticas públicas que reconhecem  a existência de desigualdades entre homens e mulheres e de  diferenças raciais  a partir desse reconhecimento, implementam ações diferenciadas para atender às demandas específicas de cada segmento, visando contribuir para a superação dessas desigualdades.

Transversalidade de gênero e raça: apreende a dimensão interseccional da desigualdade e deve compreender ferramentas analíticas de articulação de múltiplas diferenças e desigualdades.

M5U2: Planejamento governamental e orçamento público com recorte de gênero e raça.

Esta unidade apresenta o processo de planejamento e orçamento governamental bem como, as etapas desse processo que envolve desde a definição da agenda até a avaliação da política, abarca também os instrumentos de planejamento e orçamento que são o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) e ainda, discorre sobre a importância dos indicadores sociais nesse processo de formulação da política em que pese o fracasso na implementação do orçamento-programa. Os indicadores possibilitam desde a identificação da situação que se pretende intervir, este panorama inicial é conhecido como marco zero, é o ponto de partida para a intervenção, até a avaliação dos impactos e mudanças provocados. Ressalta também o desafio de implantar e implementar políticas públicas com recorte de gênero e raça devido a dificuldade da construção de um orçamento que  invista nas políticas de promoção da igualdade, soma-se a isso a setorialização dada à essas políticas, marcadas pela precariedade de articulação e integração das ações.

Principais Conceitos abordados:
Avaliação – É uma forma de verificação de um programa ou projeto, com impactos e resultados previstos para uma eventual correção da ação com término ou reinício se for preciso. Nessa fase os resultados da ação são examinados a partir dos critérios determinados em relação à realidade analisada.

Indicadores - instrumento de gestão e de controle social, geralmente usado para quantificar e/ou qualificar uma dada realidade, pode abranger informações sobre aspectos demográficos, educação, trabalho e rendimento, domicílios, famílias e grupos populacionais específicos – crianças, adolescentes e jovens, mulheres e idosos – entre outros temas. A sistematização dos indicadores contribui para a compreensão das modificações provocadas a partir da intervenção em uma realidade, possibilitando, assim, o monitoramento de políticas sociais e a disseminação de informações relevantes para toda a sociedade brasileira. 

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – orienta a elaboração e execução do orçamento anual e trata de vários outros temas, como alterações tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências da União. 

Lei Orçamentária Anual (LOA) – Instrumento que possibilita a previsão de todas as receitas e autorização de despesas públicas, além de definir as fontes de receita e de despesas por órgão de governo e por função, expressas em valores.   

Monitoramento – Instrumento que permite realizar acompanhamento dos objetivos e metas previstas de um programa ou projeto, possibilitando dessa forma a identificação de eventuais falhas, a revisão de decisões, a racionalização de recursos públicos e consequentemente um redirecionamento das ações.

Orçamento – Mecanismo que permite o planejamento e execução das finanças, possibilitando a previsão de receitas e estimativas de despesas a serem realizadas por um gestor em um determinado período de tempo.

Planejamento – Processo de seleção dos objetivos derivados da função administrativa de planejar/especificar determinadas políticas, programas e projetos necessários para atingir objetivos específicos e decidir antecipadamente as ações apropriadas que devem ser executadas.

Projeto – é um plano feito com antecedência com nomeação da modalidade de intervenção social diferindo em propósito e duração, é feito para obtenção mínima de destinação de recursos que, por meio de um conjunto integrado de atividades, pretende transformar uma parcela de uma determinada realidade, suprindo uma carência ou alterando uma situação-problema.

M5U3: Monitoramento e avaliação de programas e projetos

Os textos apresentam a diferença entre monitoramento e avaliação e define a sua importância no processo de formulação e implementação de políticas públicas. 

O monitoramento é um processo contínuo de acompanhamento da implementação e execução dos programas e ações, visando à obtenção de informações para subsidiar o gerenciamento e a tomada de decisões cotidianas, bem como a identificação precoce de eventuais problemas. Uma característica do sistema de monitoramento é sua alta complexidade e magnitude.

Já a avaliação trata-se de um estudo ou pesquisa social aplicada referente aos programas e ações que tenha um dos seguintes objetivos:
1.    Análise da implementação de programas e ações;
2.    Análise de resultados imediatos dos programas e ações;
3.    Análise de impactos ou efeitos dos programas e ações;
4.    Análise da eficiência, da equidade, da eficácia ou da efetividade de programas e ações;
5.    Análise do perfil dos beneficiários dos programas e ações;
6.    Elaboração de diagnósticos de perfil da demanda;
7.    Avaliação da satisfação de beneficiários/usuários;
8.    Avaliação da qualidade dos serviços prestados;
9.    Elaboração de estudos de “linha de base”.
A avaliação é classificada de acordo com o momento de sua realização, que pode ser: avaliação antes, ou ex-ante; avaliação durante a implementação e avaliação ex-post.
Por fim, o texto traz a importância dos sistemas de informação para as ações de monitoramento e avaliação e apresenta como é o processo de avaliação do Plano Plurianual.

Principais Conceitos Abordados:
Eficiênciarelação entre os resultados obtidos e os recursos empregados, ou seja, é o uso racional e adequado dos recursos organizacionais disponibilizados para alcançar um objetivo previamente determinado com o mínimo de recursos e tempo disponíveis, alcançando desta forma otimização.

Eficácia – Capacidade de alcançar o efeito esperado ou desejado através da realização de uma ação com objetivo de alcançar as metas em um determinado tempo.

Efetividade – mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos.

Indicadores de processo – são verificados e confirmados por diferentes meios, constituem instrumentos essenciais para condução do monitoramento, servindo para sinalizar o cumprimento de prazos e metas, definindo todas as ações previstas levando em conta os prazos determinados para cada fase do processo de implementação do projeto.

M5U4: Elaboração de projetos e legislação

Esta unidade quatro apresenta o processo de elaboração de projetos com as suas etapas e metodologias, as legislações correlatas e dispõe principalmente sobre o planejamento e sua importância enquanto instrumento da gestão.

O planejamento permite vislumbrar o resultado a que se pretende alcançar, traçar o caminho, as metas, os objetivos, as atividades, dentre outros.

A utilização dos recursos também é passível de ser planejada, aliás, é essencial que esta utilização seja pensada e planejada da forma mais adequada e correta possível para evitar desperdícios de recursos financeiros, materiais e humanos. Outro fator importante nesse processo de planejamento é o perfil do gestor, este deve ter uma visão crítica e conhecer a realidade que pretende intervir.

Principais Conceitos Abordados:
Diagnóstico - Consiste na análise da situação-problema ou da realidade sobre a qual se pretende atuar. Essa análise subsidia a formulação de todas as etapas do projeto É preciso conhecer detalhadamente as características do público-alvo, pois somente assim será possível desenhar um projeto adequado às suas necessidades e características socioculturais.

Etapas- referem-se às ações e atividades desenvolvidas com objetividade de atingir metas.

Metas- possibilita a constatação de parâmetros numéricos, porcentagens e prazos, assim como, conteúdos quantitativos e qualitativos para atingir o objetivo.

Planejamento como instrumento de elaboração da ação; Configura-se como possibilidade de estabelecer um caminho para a ação, fixar os objetivos a ser alcançado, calcular as atividades e os meios para torná-los possíveis em determinado intervalo de tempo.

População beneficiária - é o publico alvo que queremos atingir. No nosso caso o objetivo é a elaboração de políticas capazes de minimizar as desigualdades de gênero e raça/ Mulheres e mulheres Negras.

Público-alvo – são os/as beneficiários/as diretos/as do projeto, este deverá ser quantificado e caracterizado a partir de alguns critérios como: faixa etária, sexo, raça, etnia e a vulnerabilidade social do momento entre outros.

Situação problema – é a realidade sobre a qual se faz necessário para visualizar a construção de um projeto ou programa social, sendo este, na educação, na saúde, no lazer e dentre outros.

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