As relações de gênero e raça, historicamente, têm um elo com a questão da cidadania e a emergência na criação de movimentos sociais a partir do final da década de 70, em todo o País. Esses movimentos criaram na população outra concepção de cidadania, baseada no trabalho, na vida e na luta social. Uma cidadania que busca enfrentar os problemas cotidianos da coletividade, da exploração, da miséria, da desigualdade social, presente na formação social brasileira.
A luta por direitos sociais acentua-se na década de 80, por meio de movimentos em prol de creches, de escolas, saúde, moradia, assim como da luta pelo exercício da cidadania e contra a discriminação de negros, homossexual e mulheres, bem como pela ecologia, pela paz, pelo direito das crianças.
O governo do Presidente Lula, em 2003, criou duas importantes secretarias com status de ministério, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial SEPPIR e a Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM, respondendo assim às reivindicações históricas dos movimentos de mulheres e negros para formulação de uma política sustentável de promoção da igualdade racial e de gênero. A implementação e a concretização dessas políticas governamentais passam a exigir um compromisso tanto do Governo, do Terceiro Setor e da sociedade civil na articulação das proposições políticas dos atores envolvidos.
Relação de Gênero e Raça na família.
Antes de falar sobre relação de gênero e raça no meio familiar, é necessário situar a família como o mais importante núcleo dentro da sociedade e como base para a construção das relações sociais,
Se antes tínhamos apenas o modelo patriarcal de família, onde o homem era o provedor, hoje já existem os novos arranjos familiares, em que as mulheres cada vez mais assumem o papel de provedoras do sustento da família, contrariando assim o antigo modelo. Essa inversão de papeis, a nosso ver, pode vir a ter contribuído para o crescimento da violência contra a mulher.
Nesse novo modelo de família, as mulheres se deparam com as múltiplas jornadas de trabalho que necessitam enfrentar, tendo em vista que tem que conciliar as responsabilidades da vida profissional com as responsabilidades domésticas, de mãe e, quando casadas, as de esposa.
Um estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada realizado em 2006 apontou que os homens negros recebem metade do salário em relação aos homens brancos, e um dado alarmante é que, quando essa media é com relação às mulheres negras e brancas essa diferença de valores chega a um terço em desfavor as mulheres negras. Com tais diferenças e aliado ao fato das famílias serem mais homogêneas no que tange a cor, o estudo aponta ainda que 33,2% da população negra vivem abaixo da linha da pobreza, com uma renda per capta média de meio salário mínimo, sendo que entre os brancos esse valor é de 14,5%.
O Relatório “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, em sua terceira edição, apontou que o sexo e a cor ainda são os principais determinantes das desigualdades existentes no Brasil. O documento foi realizado com base em dados da Pnad - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizado entre 1996 e 2007, em parceria com a SPM - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o IPEA e Unifem - Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.
Apesar da evolução que se teve no que tange as políticas nas áreas de saúde, habitação, segurança e educação, quando se diz respeito das políticas de gênero e raça, tudo caminha lentamente para se chegar a uma sociedade verdadeiramente igualitária.
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